Luis Cunha – Bufagato
26/02/2008
Saudade
"O quarto estava na penumbra.Nunca se habituara a adormecer totalmente às escuras e por isso mesmo mantinha um pequeno candeeiro de luz fraca, sempre aceso. Não se destinava a iluminar, era apenas para a sossegar durante o sono.Acabara de se deitar. De repente o telefone toca.
O ruído sinistro e impessoal soou estridente no quarto, ferindo os tímpanos, como se penetrasse o seu cérebro que se preparava para descansar.Quem seria?Olhou para o relógio digital.
Não era ainda muito tarde!Mas o seu coração, bateu mais forte…Lentamente, levantou o auscultador…- Está lá… sim? … - Disse na sua voz meiga e natural.
- Olá amor!!!Aquela voz… oh, aquela voz. Tinha o condão de quase a fazer flutuar sempre que a ouvia, aumentando o seu ritmo cardíaco.
E ultimamente apenas a escutava por aquele estranho aparelho. Como ansiava por ouvir novamente aquela “sua” voz ao vivo, sem distorções eléctricas e ruídos de fundo.
- Olá querido, que surpresa! Quando voltas? .- Tenho uma notícia para ti...
- O que é?… – disse ansiosa.- Sabes quem morreu há segundos?
- Não… – Disse, estranhando e já em sobressalto. Pensou rapidamente em todos os seus entes queridos, mas desconhecia que alguém estivesse doente.
– quem?... Perguntou já amargurada.
- A saudade, meu amor, a saudade! Morreu feliz, quando atendeste!..."
Luis Cunha – Bufagato
Luis Cunha – Bufagato
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1 comentário:
Achei simplesmente Lindo!...
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