É isto que para mim, portuguesa residente em Angola, importa salientar em primeira mão nestas eleições. Até os mais velhos que vivem nas Províncias, que pelos anos de guerra e esquecimento deveriam estar já desacreditados destas coisas da política, foram orgulhosamente votar.
Todo o processo teve um denominador comum, independentemente do partido, da raça, da etnia. A Nação.
Esta Nação Coragem, que teve a coragem de se despir dos medos e fantasmas do passado e que fez comícios de apoio ao seu partido, colou cartazes, buzinou com bandeiras nos carros e tudo sempre “nas calmas”.
Os angolanos fizeram a diferença na ideia preconcebida de eleições no continente Africano. Mesmo com um histórico único de eleições que deixaram marcas bastante profundas em 1992, Angola deu o exemplo a alguns dos seus vizinhos de como se desenvolve todo um processo eleitoral. Desde o recenseamento e sensibilização da população, mobilização de recursos humanos e desempenho das forças policiais até à atitude de cada cidadão perante o seu direito de voto. Os erros e falhas próprios de processos desta natureza e magnitude servirão para acrescentar experiência ao jovem currículo eleitoral dos angolanos.
A desorganização que apressadamente foi noticiada em Lisboa aconteceu apenas em Luanda que pertence ao conjunto das 18 Províncias de Angola. Num País desta dimensão, onde Portugal cabe 14 vezes, com certos pormenores que nem todos conhecem e onde o histórico de eleições se resume às de 1992 com tudo aquilo que as caracterizou, escolher a desorganização de uma província como primeira notícia é, para mim, recorrer ao jornalismo fácil.
Portugal deveria ser o primeiro a enaltecer o espírito de paz que se viveu nestas eleições. Na primeira oportunidade que lhes foi concedida, os angolanos provaram que sabem e querem viver em paz e isto sim, deveria ter sido a manchete deste dia.
Mas à parte das polémicas justas ou não, vou recordar este dia 5 de Setembro de 2008 como o dia em que todos tiveram um gesto comum.
O dia em que se tingiram os indicadores da mão direita da mana Chiquita da Chibia, do Domingos do Cassenda, da Francisca do Maculusso, do Fernando de Benguela, mas também dos Sobas, dos Generais, dos Ministros, dos Governadores e de Sua Excelência o Sr. Presidente José Eduardo dos Santos.
E se me é permitido um voto...eu voto nos angolanos !!
Kandandos
1 comentário:
Não há nada que me comova mais relativamente a Angola, além dos meus próprios pensamentos e emoções, que os relatos daqueles que vivem o dia-a-dia,que passam as dificuldades inerentes a uma redescoberta de "como viver", que usufrem e que ajudam no progresso, que de alguma forma amam ou aprenderam a amar esta terra independentemente da Nacionalidade.
A isso chamo a verdadeira Angolanidade.
Grata Eudemim
De Norte... a Sul...
Enviar um comentário