Naquela tarde começaram por falar sobre música, a área por excelência de Rafael. Um gosto especial por Caetano e fã incondicional dos Pink Floyd. Rafael tinha uma cultura geral que lhe permitia falar sobre qualquer assunto num jeito muito próprio. Era empolgado a falar das coisas e de uma sensibilidade pouco comum. Dava gosto ouvi-lo.
Beatriz contemplava-o em cada discurso como se fosse uma criança a olhar para uma montra de Natal. Ela dava-lhe apenas o mote e depois deixava-o dançar com as palavras ficando apenas a assistir. Com a mão no queixo a apoiar a cabeça e completamente absorvida pela sua presença e pelo ondular da sua voz, deixou-se ir mais uma vez naquele ritmo. A meio da dança, Beatriz começou a ouvir ao longe um som com uma entoação de pergunta que se foi aproximando lentamente até que a fez acordar daquele estado muito semelhante à hipnose.
– ...é um restaurante diferente...parece a cabine de um avião...Beatriz...está a ouvir-me ?...Beatriz ?
Ainda a alguns pés de distância do verdadeiro cenário onde se encontrava, o local de trabalho, Beatriz apanhou apenas a palavra avião e de olhos pregados aos olhos de Rafael endireitou-se e disse:
- Nunca fizeram com que se sentisse a levantar voo ?
Pelo calor intenso que sentiu logo a seguir, Beatriz percebeu que tinha corado até às orelhas. Fez-se um silêncio embaraçoso e os dois ficaram de olhos nos olhos. De repente, voltaram-se cada um para os seus respectivos computadores e aquele silêncio arrastou-se durante toda a tarde, mas os pensamentos...esses pairavam lá em cima já em velocidade cruzeiro.
5 comentários:
fabuloso quando alguém nos faz sentir assim
beijos
Tenho aqui acompanhado a história da Beatriz e do Rafael, e que linda é!... como todas as histórias de AMOR!
Beijos até às nuvens
Carla
É mesmo...sentem-se borboletas no estômago !!
Bjs daqui
Natacha,
Igual a tantas outras.
Bjs daqui
Não existem histórias de Amor iguais, eu acho. Cada uma é única, como cada flor...
Beijo
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