Catumbela/Angola
“Um rei ofereceu um grande prémio ao artista que melhor pudesse retratar a ideia da paz. Diversos pintores enviaram os seus trabalhos para o palácio, mostrando bosques ao entardecer, rios tranquilos, crianças a correr na areia, arco-íris no céu, gotas de orvalho numa pétala de rosa.
O rei examinou todo o material que lhe foi enviado, mas acabou por selecicionar apenas dois trabalhos.
O primeiro mostrava um lago tranquilo, espelho perfeito das montanhas poderosas e do céu azul que o rodeava. Aqui e ali podiam ver-se pequenas nuvens brancas, e, para quem reparasse bem, no canto esquerdo do lago existia uma pequena casa, a janela aberta, o fumo que saía da chaminé – o que era sinal de um jantar frugal, mas apetitoso.
O segundo quadro também mostrava montanhas. Mas estas eram escabrosas, os picos afiados e escarpados. Sobre as montanhas o céu estava implacavelmente escuro, e das nuvens carregadas saíam raios, granizo e chuva torrencial.
A pintura estava em total desarmonia com os outros quadros enviados para o concurso. Entretanto, quando se observava o quadro cuidadosamente, notava-se numa fenda da rocha inóspita, um ninho de pássaro. Ali, no meio do violento rugir da tempestade, estava sentada calmamente uma andorinha.
Ao reunir a sua corte, o rei elegeu esta segunda pintura como a que melhor expressava a ideia da perfeita paz. E explicou:
“Paz não é aquilo que encontramos num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas o que permite manter a calma em nosso coração, mesmo no meio das situações mais adversas. Este é o seu verdadeiro e único significado”.
-História contada pela escritora venezuelana Dulce Rojas-
A paz vem de dentro para fora !
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